domingo, 25 de novembro de 2012

Meta de redução de emissão de gases para 2020 não será cumprida, diz ONU


Ainda que todos os países do mundo decidam neste momento ser mais ambiciosos nas metas voluntárias e obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa, não será mais possível atingir o compromisso firmado em 2010, de evitar que a temperatura no mundo suba mais que 2 graus Celsius (°C) até 2020. A informação é da terceira edição do Relatório sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa, divulgada nesta quarta-feira (21) pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O documento mostrou, em um novo cálculo, que a concentração de gases do aquecimento global pode ficar até 14 gigatones (medida utilizada pelos cientistas para medir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono) acima do nível definido como meta para 2020, que seria de 44 gigatones. 
Em 1990, o volume de emissões era de 37 gigatones. Atualmente, este índice chegou a 49 gigatones. Segundo o estudo, em vez de diminuir, a presença de gases como o dióxido de carbono na atmosfera aumentou cerca de 20%, desde o ano 2000. Por isso, especialistas projetam que, caso os países se debrucem sobre medidas mais audaciosas, as emissões chegariam, na melhor das hipóteses, a 52 gigatones.

De acordo com o levantamento, a distância entre a atual situação, o que os pesquisadores projetam como cenário para 2020 e o que os cientistas consideram como índices ideais, é cada vez maior. O relatório foi elaborado por 55 cientistas de 20 países.
Há dois anos, representantes de mais de 190 países se comprometeram, na África do Sul, com ações para conter o aumento da temperatura no mundo. Ao reconhecerem a necessidade de mudanças globais para minimizar problemas decorrentes das mudanças climáticas, como grandes enchentes e secas extremas, as economias concordaram em definir metas até 2015, que deverão ser colocadas em prática por todos os países signatários a partir de 2020.
Esse conjunto de metas foi chamado de Plataforma Durban e deve substituir o Protocolo de Quioto em oito anos. O acordo global, porém, segue ainda na teoria, sob ameaça de resistência ou dificuldade de países como Estados Unidos e China em modificar padrões, como o da queima de combustíveis fósseis, responsável por mais de 60% das emissões dos países mais desenvolvidos. Além disso, muitas economias europeias ainda travam a definição de questões complexas, como a transferência de tecnologia e financiamento para que países mais pobres e em desenvolvimento consigam acompanhar as mudanças globais.
Diante dos alertas pessimistas, negociadores de mais de 190 países que participarão da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Doha, no Catar, a partir da próxima semana, sabem que as pressões por mudanças vão continuar e vão recair tanto sobre os setores produtivos quanto sobre os governos, para a implantação de medidas de controle das emissões.

FONTE: ÉPOCA

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Governo defende 100% dos royalties do petróleo para educação



O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira, 31, que o governo defende que todos os royalties do petróleo sejam destinados à educação. Além disso, o ministro acrescentou que a presidente Dilma Rousseff quer que metade dos ganhos do fundo a ser criado com recursos do pré-sal também seja repassada ao setor.

“No governo da presidenta Dilma, todos os royalties deverão ir para a educação. No município, no Estado e na União, para preparar a geração para os desafios futuros”, disse Mercadante, depois de encontro com a bancada do PT na Câmara dos Deputados para transmitir o posicionamento do governo sobre o projeto que muda a distribuição dos royalties do petróleo.

Segundo Mercadante, o governo defende o respeito aos contratos já licitados. “A presidenta Dilma tem uma posição muito transparente, objetiva sobre esta questão. Primeiro, o respeito integral aos contratos existentes. Não só porque isso é importante para o pacto federativo, mas também porque foi uma definição tomada desde o início da gestão do ex-presidente Lula.”

De acordo com o ministro da Educação, a intenção do governo é preparar o País para o futuro. "O petróleo é uma energia não renovável, que vai acabar. O Brasil tem que pensar no que vai fazer com uma riqueza nova, que é temporária, e qual Brasil vamos construir pós-pré-sal. E não tem País desenvolvido sem educação de qualidade e universal."

Mais cedo, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que o Palácio do Planalto deveria ficar de fora do debate por se tratar de um assunto dos deputados federais. Há pouco, no início da ordem do dia, o petista considerou importante o governo ter se posicionado, mas que não existe espaço para grandes mudanças no projeto. “É bom que o governo tenha opinião, mas não vejo, neste momento, possibilidades de alterações de forma profunda”, pontuou Maia.

FONTE: Estadão.com.br

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Plantas raras em aquarela

No meio da floresta, exploradores de diferentes áreas participam de uma expedição científica. Um deles, munido de papéis e tintas, registra novas espécies de plantas ou animais. Essa cena, que poderia ter acontecido no século 18, ainda se repete em nossos dias. As pinturas de um dos expoentes da área hoje no Brasil podem ser conferidas no livro Plantas brasileiras – A ilustração botânica de Dulce Nascimento (editora Batel), que traz um resumo da trajetória dessa ilustradora.
“Muitos pesquisadores precisam de uma imagem para apoiar seu trabalho. É aí que entra a ilustração científica, que abrange várias áreas, como medicina, arqueologia, zoologia e, no meu caso, a botânica”, resume Nascimento. Ela iniciou sua trajetória quando cursava composição paisagística na Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Foi em 1981. Eu nem sabia da existência dessa atividade até que fui chamada para um estágio na Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Feema). Minha tarefa era desenhar as espécies do herbário, sob a supervisão da professora Vania Aida Viana de Paula. Nunca mais abandonei esse mundo”, conta.
Desenhos de plantas raras
À esquerda, a orquídea ‘Cycnoches pentadactylum’, que ocorre no Tocantins. As flores dessa espécie caem com muita facilidade, o que dificultou a tarefa da ilustradora, que teve de registrar a planta enquanto as flores iam despencando à sua frente. Posteriormente, a pintura foi adquirida pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que a ofereceu como presente de Estado aos reis da Espanha. À direita, a bromélia ‘Aechmea mertensii’, encontrada no Pará. (ilustrações: Dulce Nascimento)
Pode parecer estranho que, numa era com tantos recursos tecnológicos, o desenho não tenha ficado obsoleto. “A fotografia digital dá um apoio muito bom, mas nem sempre esclarece tudo sobre a planta”, explica a ilustradora. “Às vezes, a foto perde foco em alguma região, a luz não é homogênea ou o fundo polui a imagem. No desenho, o trabalho fica limpo, deixando apenas aquilo que define a espécie.”
Para isso, além da precisão do desenhista, é necessário que haja um cientista orientando o trabalho. Nascimento observa que algumas partes das plantas, como as glândulas, por exemplo, precisam ser desenhadas em uma escala maior para permitir identificação posterior.
“Procuro mostrar aos alunos o valor de documento desse trabalho. Daqui a 50 ou 100 anos, a espécie poderá não existir mais e o cientista só vai ter aquele desenho e um texto para se informar”
Durante o trabalho de campo, a agilidade é fundamental. Como os exploradores têm que terminar todas as atividades durante o dia, o tempo é muito contado. Por essa razão, não é possível fazer o desenho completo na floresta. “Temos que começar a voltar, digamos, às 15 horas, porque não se pode correr o risco de enfrentar escuridão na mata. É preciso desenhar a estrutura da planta, porque ela murcha depois de coletada, definir as cores na aquarela e anotá-las”, relata Nascimento. O resto do trabalho pode ser feito no acampamento, com uma amostra da espécie.
Além de acompanhar expedições, a ilustradora também dá aulas. “Procuro mostrar aos alunos o valor de documento desse trabalho. As ilustrações podem dirigir ou desviar uma pesquisa. Daqui a 50 ou 100 anos, a espécie poderá não existir mais e o cientista só vai ter aquele desenho e um texto para se informar. É uma grande responsabilidade.”

FONTE: Ciência Hoje

Evasão é o maior problema do Ensino a Distância, aponta estudo


A evasão dos estudantes é o maior obstáculo para o EAD (Ensino a Distância), segundo instituições que ofertam cursos nesta modalidade. O resultado foi obtido pelo Censo EAD.br 2010, o último divulgado pela Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância). Pela metodologia, foram considerados alunos evadidos os que não iniciaram os cursos na modalidade a distância ou os que abandonaram de uma forma ou outra.
A seguir, em segundo lugar como fator mais desafiador, está a resistência dos educadores à modalidade. Em terceiro aparecem as dificuldades de adaptação da educação presencial para EAD e, em quarto, a resistência dos alunos ao novo formato.
Principais obstáculos ao EAD, segundo instituições de ensino*
  Cursos autorizados Cursos livres Total
Evasão de alunos 59 24 83
Resistência dos educadores 43 22 65
Adaptação da educação presencial para EAD 45 14 59
Resistência dos alunos 39 15 54
Custos de produção dos cursos 27 22 49
Restrições legais 30 9 39
Suporte pedagógico e de tecnologia para os estudantes 22 14 36
  • Fonte: Censo EAD.br 2010
  • *Os dados na tabela referem-se ao número de respostas obtidas no estudo
As causas de evasão mais apontadas pelas instituições foram falta de tempo do aluno para estudar e participar do curso, acúmulo de atividades no trabalho e a dificuldades de se adaptar à metodologia.
Segundo João Vianney, consultor em ensino a distância, o primeiro semestre é o principal período de evasão de alunos no EAD. "Uma parte não se adapta à rotina de estudos individuais que a modalidade exige e acaba desistindo. Isso acontece porque ainda há o imaginário de que é possível aprender sem esforço no EAD, o que não é verdade. Os alunos têm de dedicar entre 12 a 15 horas estudos semanais para aprender, pois o conteúdo é equivalente ao que se ensina em uma faculdade presencial".
Causas de evasão, de acordo com as instituições*
  Cursos autorizados Cursos livres Total
Falta de tempo para estudar e participar 42 21 63
Acúmulo de atividades no trabalho 36 14 50
Falta de adaptação a metodologia 30 11 41
Desemprego 15 6 21
Viagens a trabalho 13 3 16
Custo de matrícula ou mensalidade 13 1 14
Impedimentos criados pelas chefias 1 1 2
  • Fonte: Censo EAD.br 2010
  • *Os dados na tabela referem-se ao número de respostas obtidas no estudo
Foi o caso de Luiza Caires, 30, jornalista que se inscreveu no curso de licenciatura em Ciências da USP/Univesp no início desse ano, como uma segunda graduação. "Apesar de o curso ser a distância, era necessário ter mais dedicação do que no presencial. O curso previa duas horas para uma atividade, mas, na verdade, eu levava seis horas para terminar. Como eu já trabalho, não tinha tempo suficiente para me dedicar".
Mesmo sem conseguir se adaptar à rotina da licenciatura, Luiza afirma que vai insistir na modalidade EAD. "Vou tentar fazer cursos livres de literatura e de história, que estão sendo oferecidos pelas universidades norte-americanas".

Mais evasão em cursos públicos
O Censo EAD.br 2010 indica que as taxas de evasão são maiores nas instituições públicas do que nas privadas: dentre os autorizados, a média de evasão é de 22,1% nas públicas ante a 15,8% nas particulares. Para cursos livres, que compreendem cursos de língua, extensão, entre outros, as taxas de evasão são de 30,9% nos públicos, e de 20,0% nos particulares.
Na Unopar (Universidade Norte do Paraná), instituição com mais matrículas no ensino superior a distância segundo o Censo de Educação Superior 2010, o índice de evasão está entre 10% e 13% no EAD; no presencial é superior a 13%. 
"Esse índice pequeno se deve ao modelo que utilizamos, em que o aluno tem de ir ao polo pelo menos uma vez por semana para participar de atividades em grupo com os colegas, acompanhado de um tutor presencial. Isso faz com que os estudantes criem laços sociais e permaneçam estudando", acredita Elisa Maria de Assis, diretora de EAD da instituição.
A diretora de EAD da UVA (Universidade Veiga de Almeida), no Rio de Janeiro, Jucimara Roesler, afirma que os índices de evasão do ensino presencial e do EAD são equivalentes. "A taxa de evasão média [em sua instituição] é de 18% nos cursos de EAD. No ensino presencial, ela está entre 18% a 20%", aponta.
Vianney confirma a tendência apontada nas duas instituições. "Na Unisul Virtual, por exemplo, a taxa de perda de alunos na educação a distância é menor do que nos mesmos cursos da educação presencial. Tudo é uma questão do modelo criado pela instituição e da atenção dedicada ao estudante".
O consultor aponta, porém, que isso não é uma regra. "Em instituições que oferecem programas de apoio e de acolhimento aos estudantes, a taxa de evasão no primeiro semestre costuma ficar entre 10% e 15%. Mas sem essas iniciativas, a perda na primeira fase pode passar de 25% do total de matriculados. Em um ciclo de quatro ou cinco anos, no ensino presencial a taxa de perda média no mercado fica ao redor de 45% a 50%. Na educação a distância esta mesma taxa pode chegar a 70%. Mas, tudo depende da qualidade de atendimento pedagógico que a instituição oferece".

FONTE: Uol  educação

sábado, 23 de junho de 2012

Água: questão socioambiental

Os números são provocadores. A cada ano, morrem mais de três milhões de pessoas por causas relacionadas à má qualidade da água; outras 844 milhões simplesmente carecem de acesso ao elemento fundamental à vida.
Se, por um lado, a falta de água é um dos maiores dramas socioambientais de nosso tempo, por outro, o excesso dela também pode ser o infortúnio de muitas vidas. “E a população da Baixada Fluminense sabe muito bem disso”, ressaltou o engenheiro Paulo Canedo de Magalhães, do Laboratório de Hidrologia do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O tema, que, em geral, só é lembrado em situações de calamidade ou emergência, foi assunto de destaque na última quinta-feira (14/6) durante evento acadêmico paralelo à Rio+20.
“Por conta do regime das águas, os moradores da região sofrem com um ciclo perverso de empobrecimento crônico”, disse Magalhães. Segundo ele, toda a renda que as famílias somam ao longo do ano é gasta com prejuízos decorrentes das chuvas. “E elas sabem que o ano seguinte será sempre pior do que o que se passou.” Nas palavras do engenheiro da UFRJ, “a vida sem perspectiva é como se fosse uma morte”.

Parte da solução

Pesquisadores da Coppe trabalham na continuidade de uma ideia que vem se mostrando eficaz para a amenização dos problemas de inundação que a Baixada Fluminense enfrenta. É o Projeto Iguaçu, idealizado para ser um mecanismo de controle de inundações e recuperação ambiental das bacias hidrográficas dos rios Iguaçu/Botas e Sarapuí.
A área abrange 726 quilômetros quadrados, onde vivem 2,5 milhões de pessoas espalhadas por seis municípios (Nova Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias).
As frequentes inundações, que geralmente chegam com as chuvas de verão, são agora amenizadas por um conjunto de iniciativas de gestão e engenharia. Drenagem, barragem, reflorestamento de encostas, recuperação de nascentes são algumas das obras que estão fazendo a diferença por lá.
Margens de rios passaram a contar com urbanização mais inteligente: em vez de casas suscetíveis aos períodos de cheia, agora os locais são ocupados com parques inundáveis, avenidas-canal e áreas de mata ciliar. Nos períodos chuvosos, esses novos espaços permanecem inalterados; em tempo bom, tornam-se áreas de lazer para a população local.

Regras de ocupação do solo

Os projetos de engenharia na região são apenas parte de uma resposta para os problemas socioambientais decorrentes das chuvas. “A outra parcela do desafio é repensar as políticas públicas de uso e ocupação do solo”, salientou a química Márcia Dezotti, do Laboratório de Controle de Poluição das Águas, da Coppe.
Magalhães concordou, mas lembrou de episódios que o deixaram menos otimista em relação ao assunto. “Nossa equipe já sugeriu regras de uso e ocupação para o local. Mas é complicado: regras são algo que os municípios não costumam seguir.” Segundo o engenheiro, as cidades nem sempre têm aptidão técnica, financeira ou operacional para lidar com a questão.
Encerrando o encontro, Dezotti teceu considerações sobre as políticas de habitação – ou a falta delas – que se consolidaram no país. A pesquisadora censurou o fato de o poder público não gerenciar a ocupação de áreas críticas de forma adequada.
“Conhecendo a dinâmica hidrológica da Baixada Fluminense, por exemplo, os pesquisadores entendem que é um lugar bastante sensível, dado o regime de chuvas e a topografia local”, acrescentou. Em seguida, lançou a pergunta: “Afinal, será que a Baixada Fluminense é realmente um lugar que deve ser habitado?”.

 FONTE: Ciência Hoje

quarta-feira, 21 de março de 2012

Como trabalhar o conceito de serviços ambientais

Os serviços prestados pela natureza impactam diretamente o bem-estar humano, mas o conceito ainda é novo em sala de aula. Veja como ensinar a relação entre os serviços ambientais e as vidas dos alunos e discuta a importância da preservação ambiental nesse contexto

Objetivos

- Construir o conceito de serviço ambiental.
- Identificar a relação dos serviços ofertados pela natureza com o ser humano, compreendendo como eles afetam nossas vidas.
- Discutir a importância da conservação da biodiversidade na manutenção desses serviços.

Conteúdo
Serviços ambientais.

Anos

6º ao 9º ano.

Tempo estimado

15 aulas.

Material necessário

Material informativo sobre o tema serviços ambientais:

- "A biodiversidade vale ouro", da Revista Biô


- Reportagem "Um mistério solto no ar", disponível no site Planeta Sustentável


- Reportagem "O valioso trabalho dos morcegos", disponível no site O Eco


- Texto "Movimentando a economia mundial" do livro Investigando a Biodiversidade


- Artigo Serviços aos ecossistemas, com ênfase nos polinizadores e polinização, de Vera Lucia Imperatriz-Fonseca

- Texto Morcegos e frutos: interação que gera florestas, da revista Ciência Hoje


Flexibilização
Para alunos com deficiência intelectual

Procure desenvolver nos alunos com deficiência intelectual habilidades importantes, como a oralidade e a escrita, sem deixar de lado o tema tratado nas aulas. Vale começar perguntando ao aluno o que ele sabe sobre o meio ambiente. Para ele, este é um conceito "abstrato" ou faz parte de seu cotidiano? Este aluno consegue identificar, seja conversando com os pais ou com outros professores e colegas, que serviços da natureza estão presentes no nosso dia a dia? Você deve trabalhar para que o conceito torne-se mais palpável para o aluno, próximo da sua realidade. Mostre exemplos de serviços ambientais e sugira que ele faça uma apresentação para a turma com as informações que descobriu - e que certamente vão contribuir para o trabalho dos colegas. Atribuir responsabilidades é fundamental para o desenvolvimento desses estudantes.

Desenvolvimento

1ª etapa
Inicie o trabalho fazendo um diagnóstico de quais argumentos a turma apresenta para a conversação do meio ambiente. Para isso, proponha a seguinte situação: peça que os alunos escrevam motivos para tentar convencer o dono de uma pequena propriedade rural a conservar as matas nativas na área de seu terreno. Depois, peça que alguns deles leiam suas respostas para a sala. A partir delas, inicie um debate sobre conservação ambiental. Pergunte se os demais concordam com os argumentos levantados e se acrescentariam alguma coisa. Questione se tem alguém que não acredita ser necessário preservar o meio ambiente. Caso haja, diga para esse aluno defender seu ponto de vista. Em um cartaz, registre os argumentos levantados nas duas situações.

2ª etapa
Apresente aos estudantes o tema das próximas aulas: serviços ambientais. Provavelmente muitos ainda não terão ouvido falar desse conceito. Por isso, vale à pena iniciar a discussão a partir da palavra serviços. Questione: O que quer dizer essa palavra? Quando ela é utilizada? Que serviços vocês conhecem? Uma consulta ao dicionário pode dar um bom direcionamento. Retome o termo serviço ambiental. Pergunte o que os alunos acham que ele representa. Esse é um bom momento para que crianças e adolescentes construam hipóteses (possíveis explicações para o conceito). Depois, sinalize para a garotada que serviço ambiental (também denominado ecológico ou ecossistêmico) é uma expressão que vem da área de conhecimento Ecologia e tem vínculo com questões econômicas.

3ª etapa
Inicie a construção do conceito com a turma. Solicite que os alunos listem benefícios que o ser humano retira da natureza - como comida, fibras para as roupas, oxigênio, controle da erosão, polinização, purificação da água, decomposição da matéria orgânica etc. Pergunte qual é a relação desses benefícios com o conceito estudado e discuta sobre o papel da natureza e do homem nessa relação. A leitura do texto A biodiversidade vale ouro (páginas 6 e 7 da Revista Biô) pode oferecer mais argumentos para a discussão. Conclua a discussão dizendo que todos esses benefícios que a população humana retira da natureza são chamados de serviços ambientais.

4ª etapa
Para instrumentalizar o conceito de serviço ambiental, vale à pena escolher um exemplo e explorá-lo com mais profundidade. Um serviço que desperta a curiosidade dos estudantes é a polinização. Você pode trabalhar o assunto isoladamente ou relacioná-lo ao conteúdo "reprodução das plantas com flores", que faz parte do currículo das aulas de Ciências. É importante que os estudantes compreendam como a polinização afeta diretamente a reprodução (e produção) de frutos e grãos e, consequentemente, a vida das pessoas. Dessa forma, você amplia o conhecimento deles e mostra que há uma relação entre o que acontece dentro da natureza e o homem. Trata-se de um serviço ofertado gratuitamente para o ser humano. Ressalte que alguns animais como abelhas, borboletas, morcegos, dentre outros, ao se alimentarem, acabam promovendo a polinização naturalmente. Distribua para os alunos cópias da reportagem Um mistério à solta no ar, que apresenta os prejuízos econômicos causados nos Estados Unidos e na Europa pelo desaparecimento de abelhas. Peça que leiam e, depois, discuta com a turma como a falta desse serviço ambiental afeta a população humana.

5ª etapa
Aprofunde a discussão sobre o impacto dos serviços ambientais - e da falta deles - nas pessoas. Pergunte: Esses serviços, como a polinização, feito pelas abelhas, poderia ser substituído de alguma forma? Como? Alguns alunos poderão levantar hipóteses de que sim, pois é possível fazer polinização artificialmente, retirando o pólen da parte masculina da planta e colocando na região feminina (ou de uma planta masculina para uma feminina, se for o caso). Também podem dizer que o próprio ar auxilia na polinização, sem precisar dos animais. Isso é verdade, mas é preciso problematizar essas hipóteses ressaltando os custos e trabalho que essas alternativas podem gerar. Será que são mais interessantes para o homem economicamente? E o ar, será que sozinho faz o mesmo papel que diversos animais nesse processo? Faça cópias da matéria O valioso trabalho dos morcegos, retirado do site O Eco, e distribua para a turma. Ela apresenta valores monetários referentes aos serviços ambientais prestados pelos morcegos. Este é um ótimo momento para reforçar que o hábito alimentar desses animais é muito variado e que algumas espécies se alimentam de néctar e pólen. Leve os alunos a refletir sobre a falsa sensação de que os recursos naturais são inesgotáveis. A matéria apresenta um bom exemplo de como um serviço ambiental é essencial à humanidade.

6ª etapa
Proponha que os alunos façam, como lição de casa, oriente os alunos a fazer pesquisas sobre outros exemplos de serviços ambientais. Os artigos Serviços aos ecossistemas, com ênfase nos polinizadores e polinização, de Vera Lucia Imperatriz-Fonseca, e Morcegos e frutos: interação que gera florestas, da Revista Ciência Hoje, podem auxiliá-lo com mais argumentos para a discussão.

7ª etapa
É interessante levar para a aula alguns valores monetários dos serviços ambientais, pois, em alguns casos, é possível fazer uma estimativa de quanto seria gasto para realizar o mesmo serviço caso não contássemos com o benefício da natureza. A leitura do texto Movimentando a Economia Mundial, retirado do livro Investigando a Biodiversidade, pode inserir alguns elementos no debate. Neste momento os estudantes devem compreender que os serviços ambientais são essenciais para a manutenção da população humana e que tais serviços são dependentes da integridade dos ambientes naturais. Se a biodiversidade não for conservada muitos deles serão perdidos e nós seremos prejudicados. Ou seja, a importância de se preservar o meio ambiente está intrinsecamente ligada à preservação da vida humana, já que a perda dos serviços ambientais causa prejuízos, também econômicos. Peça que os estudantes imaginem, por exemplo, o preço do quilo de tomate se os agricultores tiverem que alugar colônias de abelhas para a polinização ou substituir isso com mão de obra a mais, máquinas e outros recursos. Tal reflexão é importante para que os estudantes percebam que os serviços ambientais podem ser utilizados como um importante argumento conservacionista.

Avaliação

Finalize a discussão feita do decorrer das aulas anteriores solicitando que os alunos preparem uma exposição sobre os serviços ambientais para a escola. Divida-os em grupo e peça que cada um escolha um serviço diferente, assim podem ser abordados. Incentive-os a pesquisarem vídeos e textos na internet sobre o assunto. Sites como o do Planeta Sustentável e do Instituto Supereco trazem informações seguras. Depois, eles deverão elaborar cartazes e escrever textos informativos sobre o serviço escolhido, destacando a importância dele para a humanidade. Reflita com eles a importância de trazerem para a exposição a discussão sobre a conservação da biodiversidade. O envolvimento e participação dos alunos nas aulas serão um bom indicativo sobre o interesse despertado pelo temaDurante as exposições, observe se os estudantes construíram os conceitos de serviços ambientais adequadamente e os relacionaram à conservação da biodiversidade e à manutenção da qualidade de vida humana.


MEC contempla Educação Profissional com bolsas de pós-graduação


A Rede Estadual de Educação Profissional da Bahia foi contemplada com 15 bolsas de pós-graduação pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec). As bolsas são reconhecimento dos avanços obtidos nos últimos quatro anos, que gerou repercussão nacional para a Educação Profissional da Bahia.
A especialização para gestores da Educação Profissional dos Sistemas Estaduais de Ensino é ministrada no Instituto Federal do Paraná, em Curitiba.  O objetivo é formar os servidores do quadro para garantir a permanência da política pública de Educação Profissional na Bahia.
O curso tem duração de 12 meses e carga horária de 360h, sendo 120 presenciais e 270 a distância. Dentre os temas abordados, estão: Educação Profissional, Mundo do Trabalho, Administração Pública e Pedagogia. Foram contemplados gestores do Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep) do Semiárido, em São Domingos; Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) Médio Rio das Contas, em Ipiaú; Cetep Sertão Produtivo, em Caetité; Cetep do Semiárido Nordeste II, em Ribeira do Pombal; Cetep do Extremo Sul I, em Teixeira de Freitas; Ceep em Logística e Transporte Luiz Pinto de Carvalho, em Salvador; Cetep Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte e Cetep Bacia do Paramirim, em Macaúbas.
O superintendente da Educação Profissional, Almerico Lima, disse que um dos critérios de escolha dos gestores e técnicos foi o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido em benefício da comunidade escolar e para o crescimento da Educação Profissional na Bahia. “Todos os contemplados são servidores efetivos, pessoas que ao longo dos anos têm dado uma contribuição valiosa à rede estadual e, em particular, à Educação Profissional. Com esta pós-graduação, eles continuarão a beneficiar a rede ao multiplicarem e aplicarem os novos conhecimentos adquiridos; vão contribuir para assegurar esta política pública”, acredita.
Novos cursos – O superintendente ainda afirmou que a Rede Estadual de Educação Profissional acabou de ser contemplada com mais sete vagas de pós para professores do eixo tecnológico Gestão e Negócios. “Também estamos articulando com o MEC e o Instituto de Saúde Pública da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Escola Técnica do SUS para sediar, na Bahia, uma pós para o eixo tecnológico Saúde, Segurança e Meio Ambiente. A Bahia foi escolhida por ter a maior oferta  deste eixo”, comemora.
Amadurecimento profissional - Para Crispim Nelson da Silva, diretor do Ceep do Semiárido, em São Domingos, “uma pós com foco na Educação Profissional nos leva a mudar e amadurecer a nossa concepção sobre o contexto da Educação Profissional no Brasil. Além de possibilitar um amplo entendimento sobre a gestão nesta área”.
A especialização reúne gestores e técnicos de diferentes estados brasileiros, como: Paraná, São Paulo, Acre, Pará, Minas Gerais, Brasília, Rio Grande do Sul, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo entre outros, o que proporciona uma troca valiosa de experiências. Para Heloisa Boaventura, gestora do Cetep Semiárido do Nordeste II, em Ribeira do Pombal, “o curso é uma oportunidade de adquirir conhecimento de forma sistemática sobre Educação Profissional, alinhando teoria e prática. Por meio das teorias, teremos mais amadurecimento sobre a prática que realizamos no cotidiano. É uma experiência enriquecedora para a realização do nosso trabalho”.
Para Ligia de Oliveira, técnica da Superintendência de Educação Profissional, “além de ampliar o conhecimento sobre o contexto histórico da Educação Profissional e da legislação vigente, com o curso, será possível aprofundar o aprendizado a respeito da gestão pública atrelada à Educação Profissional. Sem dúvida, esta será mais uma ferramenta de trabalho que irá enriquecer as nossas ações do cotidiano”, disse.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Educação integral ou tempo integral: qual a diferença?


No dia 28 de abril, comemora-se o Dia Nacional da Educação e uma das propostas do Plano Nacional de Educação (PNE), que está em análise no Congresso Nacional e estabelece a política educacional para o decênio 2011-2020, é que 50% das escolas públicas de Educação Básica desenvolvam suas atividades em jornada ampliada até 2020.
É preciso, contudo, compreender melhor o que significa esse esforço pela ampliação da jornada nas escolas e pela diversificação das atividades educativas oferecidas a meninos e meninas.
Mais tempo na escola?

Uma das principais metas do Plano Nacional da Educação, instituído em 2001, é a ampliação da jornada escolar para um período mínimo de sete horas. Embora se trate de uma prática comum em países desenvolvidos, ela pode não significar uma melhoria automática do sistema educacional brasileiro. “Não basta aumentar o tempo. Até porque, se você aumentar o tempo de funcionamento de uma escola em que as condições são muito precárias, você está aumentando o tempo de uma aprendizagem precária, e não resolve”, explica coordenadora do Programa de Educação do Unicef Brasil, Maria de Salete Silva.
É nesse cenário que os diversos atores ligados à educação buscam a articulação entre a escola em tempo integral – jornada ampliada – com atividades de Educação Integral. “A ampliação do tempo não significa necessariamente a Educação Integral. Nós temos o cuidado de trabalhar uma Educação Integral que persiga a formação e o desenvolvimento humano mais amplo e múltiplo possível, sem esquecer a base do currículo”, afirma a diretora de Educação Básica do Ministério da Educação, Jaqueline Moll.

Formação ampla e articulada

Apesar de o conceito de Educação Integral ainda estar em construção, ele pode ser entendido como um ensino que possibilita uma formação mais completa para o aluno enquanto ser humano e não apenas como estudante. Trabalhar com essa perspectiva significa conciliar os conteúdos didáticos com outros aspectos da vida.
Segundo a pesquisadora e gerente de projetos do Centro de Estudo e Pesquisa em Educação (Cenpec), Maria Estela Bergamin, as crianças devem ser incentivadas a desenvolver diferentes formas de expressão, como a artística, física, intelectual, digital e social. “É importante não ficar preocupado só com os conteúdos. As crianças e adolescentes precisam ser formados em atitudes e valores que caminhem para a tolerância e a participação na vida pública, uma preocupação com o coletivo”, explica.
Mas é necessário que essas atividades sejam integradas com os conteúdos escolares tradicionais. Não adianta a jornada ser ampliada se o aluno pensar separadamente: de manhã aula regular e, à tarde, atividades de Educação Integral, ou vice-versa. “Não são dois mundos separados, e o professor tem um papel importantíssimo de fazer esta articulação”, afirma Maria de Salete.
Diferentes atores em diálogo

As formas de se trabalhar Educação Integral podem variar em função do contexto, das necessidades e das características da comunidade e dos próprios estudantes. Segundo Estela Bergamin, o planejamento dessas ações tem de partir da cultura local e do repertório dos alunos. A partir daí, é possível expandir as opções de atividade e fazer pontes com outras referências culturais.
Para ampliar o diálogo com o contexto de vida de meninos e meninas, a Educação Integral não deve ficar restrita ao espaço escolar. Muito pelo contrário, espaços fora da escola, como parques, praças e museus, também podem ser aproveitados como ambientes de aprendizagem. “A escola pode fazer parcerias com ONGs, com programas de outras secretarias, com clubes… Estes outros atores podem ser tanto do poder público, quanto de instituições da sociedade civil”, afirma Estela Bergamin.
Formação da criança e participação do jovem

O Projeto Noutro Turno é uma interessante iniciativa nesse sentido. Desenvolvida pelo Instituto Formação em dez municípios na baixada maranhense – região localizada na área da Amazônia Legal que conta com os piores indicadores de desenvolvimento humano do Maranhão e altos índices de analfabetismo.
O programa foi criado em 2006. Apoiado pelo Unicef, faz parte do Conjunto Integrado de Projetos Jovem Cidadãodo Instituto. Desde 2003, a entidade já trabalhava fortemente com os jovens da região, principalmente em atividades de formação e sensibilização em temas como cultura digital, artes, educação física, leitura e literatura, saúde, ecologia humana e línguas estrangeiras. Tudo isso junto com os Fóruns da Juventude e com os dirigentes municipais, articulados no Portal da Educação.
Resultado destas ações com jovens do ensino médio, o Projeto Noutro Turno começou em 2006. A ideia foi transformar alguns deles – que passaram por processo seletivo – em multiplicadores do conhecimento adquirido ao longo destes anos. No período da tarde, as crianças que estudam no ensino fundamental ou infantil vão até a escola e de lá saem para outros lugares, acompanhados destes monitores jovens, que estão orientados para promover jogos, educação física e atividades de música, teatro, dança, leitura e escrita, ecologia humana, internet, inglês e espanhol.
“O interessante é que usamos telecentros, quadras de esporte, parques, praças, ruas da cidade,  espaços de clubes e de igrejas, e até mesmo os quintais das casas dos alunos para essas atividades educacionais. Com isto se cria formação educacional e novos espaços de convivência em que o aprendizado entra a partir do lazer, da brincadeira”, diz Regina Cabral, coordenadora de projetos do Instituto Formação.
Segundo Regina, as atividades ainda continuam na região, mas agora com coordenação das secretarias municipais de Educação e dos Fóruns de Juventude. Desde 2006, cerca de 200 crianças em cada uma das dez cidades já participaram do programa. “Os jovens de ensino médio que se tornaram aprendizes puderam aplicar o seu conhecimento de maneira lúdica e as crianças ampliaram bastante o seu potencial. A lógica da complementação do horário escolar nesta região do Maranhão era do reforço escolar, das aulas particulares. A partir destas atividades, envolvendo arte, esporte e leitura, o trabalho com o desenvolvimento da vontade de conhecer se fortaleceu. A inclusão é pelo lazer e pela convivência com os amigos em outros espaços da cidade”, explica Regina.
Programa Mais Educação

O Programa Mais Educação tem o objetivo de aumentar a oferta de atividades educativas complementares nas escolas públicas. Criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007, o Programa é coordenado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) e as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Atualmente, 2,2 milhões de estudantes participam do Programa, e a expectativa é ampliar para três milhões ainda em 2011. “Construímos uma agenda que privilegia as escolas de menor Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), regiões de maior vulnerabilidade social, para pouco a pouco chegar à universalização”, afirma Jaqueline Moll.


Professor ainda vê o computador como intruso na sala de aula


Especialistas dizem que medo de ser substituído e indisposição para adaptar estratégias de ensino dificultaria uso de tecnologia…
A revolução tecnológica que coloca computadores, tablets e celulares nas mãos de jovens e crianças de todo o mundo não é vista com bons olhos pela maioria dos professores brasileiros, principalmente os de universidades públicas. A opinião é do presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância, Frederic Litto, e é compartilhada por vários outros especialistas. Para eles, o professor brasileiro ainda vê o computador como um intruso em sua aula.
“Os professores não aceitam que essa não é mais uma sociedade de escassez, mas sim de abundância de informação. Por isso o Brasil, está atrasado”, diz Litto, comparando as universidades brasileiras com estabelecimentos de ensino do exterior. Lá fora, diz ele, é comum a prática de disponibilizar pesquisas e conteúdo de aulas na internet.
Um exemplo são os Estados Unidos, onde o número de instituições educativas que adotam o iPad vem aumentando. Elas usam o tablet para ensinar história através de jogos e matemática em animações.
O depoimento do professor da Universidade de Brasília, Marcos Maia, comprova a tese de Litto. Os dois participaram nesta quinta, em Brasília, do encerramento do Fórum Universitário Pearson.
Maia conta que quando o Conselho Universitário da UnB se reúne para discutir estratégias de educação à distância, há sempre resistência de professores que temem serem substituídos por ferramentas de acesso de conteúdo. “Eles acreditam que a tecnologia é um complô industrial contra a profissão”, conta.
Esse tipo de resistência pode dificultar o projeto do Ministério da Educação de levar tablets a salas de aula porque faz com que os professores não se interessem em aprender a trabalhar com as novas tecnologias. “O computador é apenas um meio e precisamos de uma base pedagógica para esse meio”, diz Maia.
Ensino pode incluir jogos e discussão online
As estratégias para trabalhar com a tecnologia em sala passam tanto pelo uso de jogos e aplicativos de ensino, como por um modelo colaborativo em que os colegas interagem entre si também no mundo virtual. É o caso de grupos de discussão em redes sociais ou em plataformas da própria universidade.
Segundo o especialista em educação da UnB, Lucio Telles, há pesquisas que comprovam que essas estratégias geram mais interesse e diminuem a evasão escolar. “Quando uma turma compartilha grupos e causas nas redes sociais se importam muito mais com o que está sendo debatido do que se a mensagem fosse somente prestada pelo professor”, diz.
Há vantagens também nas pesquisas pela internet. “Pesquisando pela internet, o aluno pode ler muito mais do que o seu livro lhe traz, se a tarefa interpretativa”, afirma Litto. Mas, para que a tarefa não termine em um “copia e cola” da internet, o professor tem que estar preparado para solicitar uma pesquisa que exija interpretação e busca de várias fontes. “O primeiro passo é aceitar que o computador está aí e não vai sair para depois refletir sobre como trabalhar com ele”, diz.
Fonte: Educação a distancia