sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Plantas raras em aquarela

No meio da floresta, exploradores de diferentes áreas participam de uma expedição científica. Um deles, munido de papéis e tintas, registra novas espécies de plantas ou animais. Essa cena, que poderia ter acontecido no século 18, ainda se repete em nossos dias. As pinturas de um dos expoentes da área hoje no Brasil podem ser conferidas no livro Plantas brasileiras – A ilustração botânica de Dulce Nascimento (editora Batel), que traz um resumo da trajetória dessa ilustradora.
“Muitos pesquisadores precisam de uma imagem para apoiar seu trabalho. É aí que entra a ilustração científica, que abrange várias áreas, como medicina, arqueologia, zoologia e, no meu caso, a botânica”, resume Nascimento. Ela iniciou sua trajetória quando cursava composição paisagística na Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Foi em 1981. Eu nem sabia da existência dessa atividade até que fui chamada para um estágio na Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Feema). Minha tarefa era desenhar as espécies do herbário, sob a supervisão da professora Vania Aida Viana de Paula. Nunca mais abandonei esse mundo”, conta.
Desenhos de plantas raras
À esquerda, a orquídea ‘Cycnoches pentadactylum’, que ocorre no Tocantins. As flores dessa espécie caem com muita facilidade, o que dificultou a tarefa da ilustradora, que teve de registrar a planta enquanto as flores iam despencando à sua frente. Posteriormente, a pintura foi adquirida pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que a ofereceu como presente de Estado aos reis da Espanha. À direita, a bromélia ‘Aechmea mertensii’, encontrada no Pará. (ilustrações: Dulce Nascimento)
Pode parecer estranho que, numa era com tantos recursos tecnológicos, o desenho não tenha ficado obsoleto. “A fotografia digital dá um apoio muito bom, mas nem sempre esclarece tudo sobre a planta”, explica a ilustradora. “Às vezes, a foto perde foco em alguma região, a luz não é homogênea ou o fundo polui a imagem. No desenho, o trabalho fica limpo, deixando apenas aquilo que define a espécie.”
Para isso, além da precisão do desenhista, é necessário que haja um cientista orientando o trabalho. Nascimento observa que algumas partes das plantas, como as glândulas, por exemplo, precisam ser desenhadas em uma escala maior para permitir identificação posterior.
“Procuro mostrar aos alunos o valor de documento desse trabalho. Daqui a 50 ou 100 anos, a espécie poderá não existir mais e o cientista só vai ter aquele desenho e um texto para se informar”
Durante o trabalho de campo, a agilidade é fundamental. Como os exploradores têm que terminar todas as atividades durante o dia, o tempo é muito contado. Por essa razão, não é possível fazer o desenho completo na floresta. “Temos que começar a voltar, digamos, às 15 horas, porque não se pode correr o risco de enfrentar escuridão na mata. É preciso desenhar a estrutura da planta, porque ela murcha depois de coletada, definir as cores na aquarela e anotá-las”, relata Nascimento. O resto do trabalho pode ser feito no acampamento, com uma amostra da espécie.
Além de acompanhar expedições, a ilustradora também dá aulas. “Procuro mostrar aos alunos o valor de documento desse trabalho. As ilustrações podem dirigir ou desviar uma pesquisa. Daqui a 50 ou 100 anos, a espécie poderá não existir mais e o cientista só vai ter aquele desenho e um texto para se informar. É uma grande responsabilidade.”

FONTE: Ciência Hoje

Evasão é o maior problema do Ensino a Distância, aponta estudo


A evasão dos estudantes é o maior obstáculo para o EAD (Ensino a Distância), segundo instituições que ofertam cursos nesta modalidade. O resultado foi obtido pelo Censo EAD.br 2010, o último divulgado pela Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância). Pela metodologia, foram considerados alunos evadidos os que não iniciaram os cursos na modalidade a distância ou os que abandonaram de uma forma ou outra.
A seguir, em segundo lugar como fator mais desafiador, está a resistência dos educadores à modalidade. Em terceiro aparecem as dificuldades de adaptação da educação presencial para EAD e, em quarto, a resistência dos alunos ao novo formato.
Principais obstáculos ao EAD, segundo instituições de ensino*
  Cursos autorizados Cursos livres Total
Evasão de alunos 59 24 83
Resistência dos educadores 43 22 65
Adaptação da educação presencial para EAD 45 14 59
Resistência dos alunos 39 15 54
Custos de produção dos cursos 27 22 49
Restrições legais 30 9 39
Suporte pedagógico e de tecnologia para os estudantes 22 14 36
  • Fonte: Censo EAD.br 2010
  • *Os dados na tabela referem-se ao número de respostas obtidas no estudo
As causas de evasão mais apontadas pelas instituições foram falta de tempo do aluno para estudar e participar do curso, acúmulo de atividades no trabalho e a dificuldades de se adaptar à metodologia.
Segundo João Vianney, consultor em ensino a distância, o primeiro semestre é o principal período de evasão de alunos no EAD. "Uma parte não se adapta à rotina de estudos individuais que a modalidade exige e acaba desistindo. Isso acontece porque ainda há o imaginário de que é possível aprender sem esforço no EAD, o que não é verdade. Os alunos têm de dedicar entre 12 a 15 horas estudos semanais para aprender, pois o conteúdo é equivalente ao que se ensina em uma faculdade presencial".
Causas de evasão, de acordo com as instituições*
  Cursos autorizados Cursos livres Total
Falta de tempo para estudar e participar 42 21 63
Acúmulo de atividades no trabalho 36 14 50
Falta de adaptação a metodologia 30 11 41
Desemprego 15 6 21
Viagens a trabalho 13 3 16
Custo de matrícula ou mensalidade 13 1 14
Impedimentos criados pelas chefias 1 1 2
  • Fonte: Censo EAD.br 2010
  • *Os dados na tabela referem-se ao número de respostas obtidas no estudo
Foi o caso de Luiza Caires, 30, jornalista que se inscreveu no curso de licenciatura em Ciências da USP/Univesp no início desse ano, como uma segunda graduação. "Apesar de o curso ser a distância, era necessário ter mais dedicação do que no presencial. O curso previa duas horas para uma atividade, mas, na verdade, eu levava seis horas para terminar. Como eu já trabalho, não tinha tempo suficiente para me dedicar".
Mesmo sem conseguir se adaptar à rotina da licenciatura, Luiza afirma que vai insistir na modalidade EAD. "Vou tentar fazer cursos livres de literatura e de história, que estão sendo oferecidos pelas universidades norte-americanas".

Mais evasão em cursos públicos
O Censo EAD.br 2010 indica que as taxas de evasão são maiores nas instituições públicas do que nas privadas: dentre os autorizados, a média de evasão é de 22,1% nas públicas ante a 15,8% nas particulares. Para cursos livres, que compreendem cursos de língua, extensão, entre outros, as taxas de evasão são de 30,9% nos públicos, e de 20,0% nos particulares.
Na Unopar (Universidade Norte do Paraná), instituição com mais matrículas no ensino superior a distância segundo o Censo de Educação Superior 2010, o índice de evasão está entre 10% e 13% no EAD; no presencial é superior a 13%. 
"Esse índice pequeno se deve ao modelo que utilizamos, em que o aluno tem de ir ao polo pelo menos uma vez por semana para participar de atividades em grupo com os colegas, acompanhado de um tutor presencial. Isso faz com que os estudantes criem laços sociais e permaneçam estudando", acredita Elisa Maria de Assis, diretora de EAD da instituição.
A diretora de EAD da UVA (Universidade Veiga de Almeida), no Rio de Janeiro, Jucimara Roesler, afirma que os índices de evasão do ensino presencial e do EAD são equivalentes. "A taxa de evasão média [em sua instituição] é de 18% nos cursos de EAD. No ensino presencial, ela está entre 18% a 20%", aponta.
Vianney confirma a tendência apontada nas duas instituições. "Na Unisul Virtual, por exemplo, a taxa de perda de alunos na educação a distância é menor do que nos mesmos cursos da educação presencial. Tudo é uma questão do modelo criado pela instituição e da atenção dedicada ao estudante".
O consultor aponta, porém, que isso não é uma regra. "Em instituições que oferecem programas de apoio e de acolhimento aos estudantes, a taxa de evasão no primeiro semestre costuma ficar entre 10% e 15%. Mas sem essas iniciativas, a perda na primeira fase pode passar de 25% do total de matriculados. Em um ciclo de quatro ou cinco anos, no ensino presencial a taxa de perda média no mercado fica ao redor de 45% a 50%. Na educação a distância esta mesma taxa pode chegar a 70%. Mas, tudo depende da qualidade de atendimento pedagógico que a instituição oferece".

FONTE: Uol  educação