quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Educação Sexual x Orientação Sexual




A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo da AIDS, da gravidez precoce, do aborto e das DSTs vem passando por inúmeras transformações. Seu espaço está sendo discutido intensamente - seja na família, seja na escola, seja na comunidade. A própria expressão "Educação Sexual" já caiu em desuso, e os especialistas se perguntam: é possível educar alguém sexualmente? Atualmente, o termo mais aceito no meio de Helena Lima, bióloga, psicóloga e mestre em psicologia, é o de Orientação Sexual, campo, aliás, que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação. 

Segundo explicações do Multirio, Órgão Governamental do Rio de Janeiro, a diferenciação dos termos indica significados diferentes. "Outros autores consideram a orientação sexual derivada do conceito pedagógico de orientação educacional, definido-se como um processo de intervenção sistemática na área da sexualidade, realizada principalmente em escolas, por um educador ou outro profissional capacitado para tal, e aproxima-se do que denominamos como educação sexual formal", define.

De acordo com o Guia de Orientação Sexual, publicação traduzida e adaptada por três ONGs (Organizações Não-Governamentais) a orientação sexual, "quando utilizada na área de educação, deriva do conceito pedagógico de Orientação Educacional, definindo-se como o processo de intervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principalmente em escolas". Pressupõe o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexões e questionamentos sobre postura, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais. "A Orientação Sexual abrange o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, auto-estima e relações de gênero. Enfoca as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação eficaz e a tomada responsável de decisões", explica o Guia. 

Já a Educação Sexual, segundo o Guia, inclui todo o processo informal pelo qual aprendemos sobre a sexualidade ao longo da vida, "seja através da família, da religião, da comunidade, dos livros ou da mídia".

Helena Lima, coordenadora de projetos de orientação sexual de tradicionais escolas paulistanas e atualmente diretora da Unidade Perdizes do Colégio Pentágono, pensa que a temática sexualidade é parte tão integrante da criança como qualquer outra, e merece atenção na proporção em que ela demandar. "As crianças têm estímulos de sobra em relação à sexualidade e a outros aspectos da vida. Assim como se esclarece para a criança que ela deve atravessar a rua olhando para os lados, escovar os dentes, lidar com horários, dinheiro, aprender as cores, é fundamental que ela aprenda a compreender seus sentimentos em geral, inclusive os da sexualidade", pondera. 

De acordo com a especialista, o desconhecimento, o não dito, também gera fantasias e angústia. "Então, nada de ficar colocando cegonhas e estrelas na pauta, nem ficar forçando a ampliação de temas. O importante é o orientador abrir espaço para dúvidas e responder àquilo que é solicitado. Simples assim", ensina. 


Para Helena, não existe idade ideal para iniciar o trabalho de orientação sexual. Ela leva em consideração, inclusive, o contexto religioso e o espaço em que esta orientação será dada. Segundo ela, se o espaço for à escola, a orientação deve acontecer desde sempre. "Socialização, classe, professora, coleguinha, recreio, educação física, tudo isso é espaço de intervenção", prega ela. "Em casa, também desde sempre, desde que SOLICITADOS. Nada de parar o dia e dizer: 'vamos falar de sexo'. Ruína na certa, constrangimento, excessos. Em resumo, a idade ideal é aquela que tem demanda. E quanto mais contextualizado, menos holofote no 'sexo', tanto melhor. O sexo não é uma dimensão à parte da existência, é mais uma, com suas importâncias e dificuldades....", explica a bióloga e psicóloga. 


De acordo com Helena, o profissional mais indicado para fazer a orientação sexual na escola, é sem dúvida, o psicólogo com sólida formação na área biológica, pelo menos em um primeiro momento. "Mas, por ser um tema complexo e exigir sobretudo confiança, pode ser qualquer profissional (professor, pensando na escola) que tenha preparo teórico e desperte vínculos e confiança em seus alunos", acrescenta. Já Marcelo Sodelli, mestre em psicologia da educação e diretor clínico do Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia - Netpsi, pensa que, na grande maioria das vezes, o papel de interlocutor recairá realmente sobre o professor, que, nestes casos, carece também de treinamentos e orientação. Ele acredita mesmo que a maior parte dos projetos de prevenção tem mais eficácia quando o professor é envolvido, e que eles, em sua maioria, não se sentem preparados para exercer esta função.

Segundo o Guia de Orientação Sexual, o trabalho pode ser realizado por "educador ou outro profissional capacitado para uma ação planejada, sistemática e transformadora, visando a promoção do bem-estar sexual, a partir de valores baseados nos direitos humanos e relacionamentos de igualdade e respeito entre as pessoas". 


De acordo com o Multirio, órgão carioca, "a abordagem da sexualidade não deve limitar-se ao tratamento de questões biológicas e reprodutoras, muito ao contrário, deve incluir um questionamento mais amplo sobre o sexo, seus valores, seus aspectos preventivos, para o indivíduo como forma de exercício da cidadania".

Eles justificam que a Educação Sexual, como qualquer processo educativo, apresenta efeitos e resultados demorados, muitas vezes só observados após muito tempo e, certamente não tem o poder de transformar todas atitudes e comportamento dos jovens.

"O fundamental é a possibilidade de se desenvolver um trabalho educativo positivo, de valorização humana, mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica adequada, que possibilite ao jovem capacidade de escolha e a eliminação de sentimentos de culpa", explica o Multirio. 

Eles alertam, no entanto, para o fato de que, mesmo ressaltando a importância da educação sexual como uma prática educativa de liberdade, esta abordagem nem sempre tem cumprido estes objetivos. "Além de, muitas vezes, limitar-se à veiculação de informações de caráter puramente biológico ou preventivo, no que se refere ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, gravidez e outros inconvenientes sociais, pode, também, difundir atitudes repressivas moralistas que impliquem num comportamento reprodutivo adequado à política demográfica".

Por isso, o Multirio entende que é conveniente sempre analisar para que e a quem serve a Educação Sexual. "Com todas as evidências a escola não pode fugir ao seu papel de educadora e ignorar a questão sexual, diante da situação criada pelo aparecimento e difusão da AIDS entre os jovens, entre outras questões. A participação dos pais é fundamental no processo de Educação Sexual, pois, incentiva o processo de co-responsabilidade", define o órgão carioca.

A escola, segundo eles, "complementa o que é iniciado no lar, supre lacunas, combates preconceitos e revê conceitos destorcidos. A escola não tem como função dizer o que é "certo" ou "errado", ela deve preparar o jovem para discriminar o que é biológico, o que vem da cultura, da classe social a que pertence levando-o a sua própria verdade. Cabe aos pais se posicionarem claramente sobre o que consideram importante para seus filhos", acreditam. 



Genoma Humano



O genoma humano, na sua forma diplóide, consiste em aproximadamente 6 a 7 milhões de pares de bases de DNA organizados linearmente em 23 pares de cromossomos. Pelas estimativas atuais, o genoma contém 50.000 a 10.000 genes (os quais codificam um número igual de proteínas) que controlam todos os aspectos da embriogênese, desenvolovimento, crescimento, reprodução e metabolismo-essencialmente todos os aspectos do que faz o ser humano um organismo funcionante.
A caracterização e conhecimento dos genes e sua organização no genoma têm um impacto enorme na compreensão dos processos fisiológicos do organismo humano na saúde e na doença e, por conseguinte, na prática da medicina em geral.

ESTRUTURA DOS CROMOSSOMOS

A molécula de DNA do cromossomo existe como um complexo com uma família de proteínas básicas denominadas histonas e com um grupo heterogêneo de proteínas ácidas não-histonas que estão bem menos caracterizadas.

Existem cinco tipos principais de histonas (H1, H2A, H2B, H3, H4) que desempenham um papel crucial no acondicionamento apropriado da fibra de cromatina.
Durante o ciclo celular, os cromossomos passam por estágios ordenados de condensação e descondensação. Quando condensado ao máximo, o DNA dos cromossomos mede cerca de 1/10.000 do seu comprimento natural.
Quando as células completam a mitose ou meiose, os cromossomos se descondensam e retornam ao seu estado relaxado como cromatina no núcleo em interfase, prontos para recomeçar o ciclo.


CLASSES DE DNA

O DNA das células eucariontes apresenta três frações caracterizadas pelo grau de repetição:

DNA Singular ou de Cópia Única

Constitui a maior parte do DNA no genoma. As sequências que codificam proteínas (isto é, a porção codificadora dos genes) compreendem apenas uma pequena proporção do DNA de cópia única. A maior parte do DNA de cópia única encontra-se em extensões curtas, entremeadas com diversas famílias de DNA repetitivo . Proporção do genoma: 75% .

DNA Repetitivo Disperso

Consiste em sequências relacionadas que se espalham por todo o genoma, em vez de ficarem localizadas.
Os elementos repetidos dispersos mais exatamente estudados pertencem à família Alu e à família L1.

Família Alu

Tem essa denominação porque a maioria dos seus membros é clivada por uma endonuclease de restrição bacteriana denominada Alu I, instrumento importante da tecnologia do DNA recombinante.
Os membros dessa família têm um comprimrnto de cerca de 300 pares de bases e são relacionados uns aos outros, mas não exibem uma sequência idêntica. No total existem cerca de 500.000 membros da família Alu no genoma, estimando-se que constituam 3% do DNA humano.

Família L1

Constituem sequências repetidas longas encontradas em cerca de 10.000 cópias por genoma. Assim, embora haja muito menos cópias nessa família do que na Alu, seus membros são bem mais longos e a contribuição para a constituição do genoma é cerca de 3% também.
DNA Satélite

Envolve sequências repetidas (em tandem) agrupadas em um ou em alguns locais, intercaladas com sequências de cópia única ao longo do cromossomo.
As famílias de DNA satélite variam quanto à localização no genoma, comprimento total da série em tandem, comprimrnto das unidades repetidas que constituem a série.

TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS CROMOSSOMOS

O estudo dos cromossomos, sua estrutura e sua herança denomina-se citogenética. A ciência da citogenética humana moderna data de 1956, quando Tjio e Levan criaram técnicas eficazes para análise dos cromossomos e estabeleceram que o número normal de cromossomos é de 46.
Os cromossomos de uma célula humana em divisão são mais facilmente analisados no estágio de metáfase. Nestes estágios, os cromossomos aparecem ao microscópio como uma dispersão cromossômica e cada cromossomo apresenta duas cromátides, unidas pelo centrômero.

Cultura Celular

As células para análise cromossômica devem ser capazes de crescimento e divisão rápida em cultura. As células mais acessíveis são os leucócitos, especificamamente linfócitos T.
O procedimento abaixo, mostra como preparar, a curto prazo, uma cultura destas células adequadas para análise:
Obtém-se uma amostra de sangue periférico e acrescenta-se heparina para evitar coagulação;
A amostra é em seguida centrifugada a uma velocidade que permita aos leucócitos se sedimentarem como uma camada distinta;
Os leucócitos são colhidos, colocados em meio de cultura tecidual e estimulados a dividir-se pelo acréscimo de um agente mitogênico (estimulante da mitose), a fito-hemaglutinina.
A cultura é incubada por cerca de 72 horas, até que as células estejam se multiplicando rapidamente;
Acrescenta-se, então, uma solução diluída de colchicina, para impedir a conclusão da divisão celular inibindo a formação de fusos e retardando a separação dos centrômeros. Em consequência, células paradas na metáfase acumulam-se na cultura;
Em seguida, adiciona-se uma solução hipotônica para causar tumefação nas células, lisando-as e liberando os cromossomos, mas mantendo os centrômeros intactos;
Os cromossomos são fixados, espalhados em lâminas e corados por uma de várias técnicas e prontos para análises.
Identificação dos Cromossomos
Os métodos de coloração originalmente disponíveis não permitiam a identificação dos 24 tipos de cromossomo. Contudo com as técnicas atualmente empregadas, identificam-se todos os cromossomos.
Vários métodos de bandeamento são empregados rotineiramente nos laboratórios de citogenética para identificação dos cromossomos e análise da estrutura cromossômica.

Bandeamento G

Os cromossomos são inicialmente tratados com tripsina, para a desnaturação das proteínas cromossômicas e em seguida são corados com o corante Giemsa. Cada par de cromossomos cora-se num padrão típico de bandas claras e escuras.
Bandeamento Q

Os cromossomos são tratados com quinacrina-mostarda ou compostos semelhantes e em seguida examinados por microscopia de fluorescência. Os cromossomos coram-se num padrão específico de bandas brilhantes e opacas (bandas Q); as bandas brilhantes correspondem quase exatamente às bandas G escuras.

Bandeamento R

Os cromossomos recebem pré-tratamento com calor antes da coloração Giemsa . Nesse caso, as bandas claras e escuras resultantes (bandas R) são o inverso das produzidas por bandeamento G ou Q.

Bandeamento C

Envolve a coloração da região centrômérica de cada cromossomo e outras regiões que contenham heterocromatina.

Bandeamento de alta resolução

Esse tipo de bandeamento cora cromossomos preparados num estágio inicial da mitose (prófase ou prometáfase) que estão ainda em uma condicão relativamente não-condensada.

Citogenética molecular

Podem-se usar sondas de DNA específicas para cromossomos ou regiões cromossômicas particulares ou diagnosticar rapidamente a existência de um número anormal de cromossomos no material clínico.