A evasão dos estudantes é o maior obstáculo para o EAD (Ensino a
Distância), segundo instituições que ofertam cursos nesta modalidade. O
resultado foi obtido pelo Censo EAD.br 2010, o último divulgado pela
Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância). Pela metodologia,
foram considerados alunos evadidos os que não iniciaram os cursos na
modalidade a distância ou os que abandonaram de uma forma ou outra.
A seguir, em segundo lugar como fator mais desafiador, está a
resistência dos educadores à modalidade. Em terceiro aparecem as
dificuldades de adaptação da educação presencial para EAD e, em quarto, a
resistência dos alunos ao novo formato.
Principais obstáculos ao EAD, segundo instituições de ensino*
Cursos autorizados | Cursos livres | Total | |
Evasão de alunos | 59 | 24 | 83 |
Resistência dos educadores | 43 | 22 | 65 |
Adaptação da educação presencial para EAD | 45 | 14 | 59 |
Resistência dos alunos | 39 | 15 | 54 |
Custos de produção dos cursos | 27 | 22 | 49 |
Restrições legais | 30 | 9 | 39 |
Suporte pedagógico e de tecnologia para os estudantes | 22 | 14 | 36 |
- Fonte: Censo EAD.br 2010
- *Os dados na tabela referem-se ao número de respostas obtidas no estudo
As causas de evasão mais apontadas pelas instituições foram falta de
tempo do aluno para estudar e participar do curso, acúmulo de atividades
no trabalho e a dificuldades de se adaptar à metodologia.
Segundo João Vianney, consultor em ensino a distância, o primeiro
semestre é o principal período de evasão de alunos no EAD. "Uma parte
não se adapta à rotina de estudos individuais que a modalidade exige e
acaba desistindo. Isso acontece porque ainda há o imaginário de que é
possível aprender sem esforço no EAD, o que não é verdade. Os alunos têm
de dedicar entre 12 a 15 horas estudos semanais para aprender, pois o
conteúdo é equivalente ao que se ensina em uma faculdade presencial".
Causas de evasão, de acordo com as instituições*
Cursos autorizados | Cursos livres | Total | |
Falta de tempo para estudar e participar | 42 | 21 | 63 |
Acúmulo de atividades no trabalho | 36 | 14 | 50 |
Falta de adaptação a metodologia | 30 | 11 | 41 |
Desemprego | 15 | 6 | 21 |
Viagens a trabalho | 13 | 3 | 16 |
Custo de matrícula ou mensalidade | 13 | 1 | 14 |
Impedimentos criados pelas chefias | 1 | 1 | 2 |
- Fonte: Censo EAD.br 2010
- *Os dados na tabela referem-se ao número de respostas obtidas no estudo
Foi o caso de Luiza Caires, 30, jornalista que se inscreveu no curso de
licenciatura em Ciências da USP/Univesp no início desse ano, como uma
segunda graduação. "Apesar de o curso ser a distância, era necessário
ter mais dedicação do que no presencial. O curso previa duas horas para
uma atividade, mas, na verdade, eu levava seis horas para terminar. Como
eu já trabalho, não tinha tempo suficiente para me dedicar".
Mesmo sem conseguir se adaptar à rotina da licenciatura, Luiza afirma
que vai insistir na modalidade EAD. "Vou tentar fazer cursos livres de
literatura e de história, que estão sendo oferecidos pelas universidades
norte-americanas".
Mais evasão em cursos públicos
O Censo EAD.br 2010 indica que as taxas de evasão são maiores nas
instituições públicas do que nas privadas: dentre os autorizados, a
média de evasão é de 22,1% nas públicas ante a 15,8% nas particulares.
Para cursos livres, que compreendem cursos de língua, extensão, entre
outros, as taxas de evasão são de 30,9% nos públicos, e de 20,0% nos
particulares.
Na Unopar (Universidade Norte do Paraná), instituição com mais
matrículas no ensino superior a distância segundo o Censo de Educação
Superior 2010, o índice de evasão está entre 10% e 13% no EAD; no
presencial é superior a 13%.
"Esse índice pequeno se deve ao modelo que utilizamos, em que o aluno
tem de ir ao polo pelo menos uma vez por semana para participar de
atividades em grupo com os colegas, acompanhado de um tutor presencial.
Isso faz com que os estudantes criem laços sociais e permaneçam
estudando", acredita Elisa Maria de Assis, diretora de EAD da
instituição.
A diretora de EAD da UVA (Universidade Veiga de Almeida), no Rio de
Janeiro, Jucimara Roesler, afirma que os índices de evasão do ensino
presencial e do EAD são equivalentes. "A taxa de evasão média [em sua
instituição] é de 18% nos cursos de EAD. No ensino presencial, ela está
entre 18% a 20%", aponta.
Vianney confirma a tendência apontada nas duas instituições. "Na Unisul
Virtual, por exemplo, a taxa de perda de alunos na educação a distância
é menor do que nos mesmos cursos da educação presencial. Tudo é uma
questão do modelo criado pela instituição e da atenção dedicada ao
estudante".
O consultor aponta, porém, que isso não é uma regra. "Em instituições
que oferecem programas de apoio e de acolhimento aos estudantes, a taxa
de evasão no primeiro semestre costuma ficar entre 10% e 15%. Mas sem
essas iniciativas, a perda na primeira fase pode passar de 25% do total
de matriculados. Em um ciclo de quatro ou cinco anos, no ensino
presencial a taxa de perda média no mercado fica ao redor de 45% a 50%.
Na educação a distância esta mesma taxa pode chegar a 70%. Mas, tudo
depende da qualidade de atendimento pedagógico que a instituição
oferece".
FONTE: Uol educação
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