Passar no vestibular em uma universidade pública pode dar a sensação de
missão cumprida para muitos estudantes. Porém, para grande parte dos
alunos de baixa renda, conquistar uma vaga é apenas o primeiro passo, já
que precisam conciliar estudos e trabalho, gastar com livros caros,
transporte e alimentação, além da falta de apoio para a carreira.
Pensando em como ajudar esses jovens, um grupo de estudantes do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), criou o Instituto Semear,
que dá apoio financeiro e treinamento durante um ano aos
universitários. O projeto, que começou em 2010, em São José dos Campos,
interior paulista – que neste ano está com inscrições abertas até 23 de
fevereiro –, hoje comemora 60 atendimentos a universitários e sua
expansão para o Rio de Janeiro e o Ceará, que abrirão seus processos
seletivos nas próximas semanas.
O instituto tem como ponto central do seu trabalho evitar a evasão
escolar dos universitários, sobretudo, daqueles oriundos das classes C, D
e E. No Brasil, cerca de 900 mil estudantes abandonam a faculdade antes
de se formar, de acordo com a pesquisa Estudos sobre a Evasão no Ensino
Superior Brasileiro, do Instituto Lobo, de 2011.
"Acreditamos que o conselho de uma pessoa experiente, uma palestra
sobre um tema desconhecido e a tranquilidade financeira para se
alimentar e ir para a faculdade são os elementos que podem ser o ponto
de virada na vida de uma pessoa", afirma Daniel Santos, coordenador
voluntário do Instituto Semear Celeiro, nome que o projeto recebe no
Rio.
Na prática, o apoio aos estudantes se baseia em três pilares. No
primeiro deles, o jovem recebe uma bolsa de R$ 342,85 mensais – pagos
durante os dois primeiros semestres para se manter na faculdade e
conseguir pagar despesas básicas de transporte, alimentação e educação.
Em seguida, o universitário conta com o auxílio de um mentor, ou seja,
um profissional que já atua no mercado e que tem bagagem para esclarecer
as dúvidas do jovem. Por fim, paralelamente aos outros dois pilares, os
estudantes passam por treinamentos mensais onde são abordados temas
como inteligência emocional, empreendedorismo, finanças pessoais e
liderança.
O instituto ainda oferece aos universitários a chance de acompanhar
palestras de profissionais e empreendedores que contam suas experiências
com a vida universitária, as dificuldades no processo e como
alavancarem suas carreiras. "O propósito é garantir uma estrutura mínima
necessária para que esses jovens acreditem nos seus objetivos. Muitas
vezes, eles não sabem o caminho, o que os impede de se tornarem agentes
de transformação na sociedade", afirma Santos.
FONTE: UOL Educação
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