sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Breve história da educação

De maneira geral, pode-se dizer que educação é o processo pelo qual são transmitidos ao indivíduo os conhecimentos e atitudes necessários para que ele tenha condições de integrar-se à sociedade.

De certa forma, pode-se falar de educação em relação a certos animais, que ensinam os filhotes recém-nascidos a se adaptarem ao meio mais rapidamente do que o permitiriam seus condicionamentos genéticos. Mas é na espécie humana que se efetua um longo e complexo processo educativo, sem o qual o indivíduo não poderia sobreviver numa sociedade que transformou radicalmente as condições naturais de vida e que exige dele comportamentos muito superiores àqueles que são determinados pelos instintos. 

A aprendizagem elementar é oferecida pela família. A instituição familiar pode apresentar formas muito diversas, de acordo com a sociedade em que esteja inserida, e a educação no seio familiar também é encaminhada de formas muito distintas. É possível dizer, porém, que, em quantas sociedades humanas existam ou tenham existido, o núcleo familiar sempre foi o primeiro passo, de incalculável importância em direção à socialização da criança, ou seja, na transformação de um ser que ao nascer é regulado pelos instintos em membro participante de uma comunidade.

A relação familiar se reduz, em alguns casos, ao contato entre mãe e filho, mas, em geral, a família forma um grupo mais complexo, e pode chegar a ser muito numeroso. Habitualmente, o pai, a mãe e os demais parentes desempenham papéis diferentes, e a missão educadora de cada um fica contida dentro de certos limites. 

A família ensina à criança o papel sexual, masculino ou feminino, que deverá exercer no futuro; indica a ela os sentimentos que deve alimentar, como o respeito e a submissão aos mais velhos e a proteção em relação aos irmãos menores; leva-a a assimilar o sistema de valores compartilhado por seus parentes; ensina-lhe algumas técnicas, que variam segundo a sociedade em que se ache inserida, necessárias para se proteger no ambiente circundante. Com a família, a criança aprende os rudimentos de uma linguagem que estruturará seus conhecimentos e sua maneira de pensar.
O grupo de iguais é uma formação social que muito contribui para o processo socializador da criança. Os jogos, as tarefas que realiza junto com outras crianças de sua idade e a troca de experiências que as crianças adquiriram individualmente produzem um efeito socializador importantíssimo, não apenas nas sociedades simples, mas também nas complexas formações sociais do mundo contemporâneo. A criança que não tem amigos manifestará, ao tornar-se adulta, outras carências sociais, já que lhe faltam algumas experiências fundamentais para o desenvolvimento da personalidade. 

Nas sociedades mais simples, a aquisição de conhecimentos não exige estabelecimentos especialmente destinados às tarefas educativas. A aprendizagem se realiza naturalmente, pois a criança participa, de forma cada vez mais ativa, nos trabalhos comuns. Conforme cresce, o papel que desempenha na comunidade torna-se mais importante e definido. As instituições educacionais que exercem maior influência sobre a formação costumam estar vinculadas às práticas religiosas, às crenças mágicas e ao mundo mítico. Estreitamente ligados às atividades educativas estão os ritos de iniciação. 

A divisão de trabalho é característica de sociedades que atingiram um grau mínimo de desenvolvimento. A primeira divisão de trabalho é determinada pelo sexo: não há sociedade primitiva em que homens e mulheres desempenhem exatamente as mesmas funções. A especialização dos membros da comunidade na execução de cada tarefa produtiva impõe aprendizados específicos. O adulto que sabe realizar determinado trabalho adota a criança, ou o jovem, como ajudante ou aprendiz, que colabora na realização do trabalho, ao mesmo tempo que aprende a fazê-lo. A questão educativa ultrapassa, nesses casos, o ambiente estritamente familiar. Começa nessas sociedades a diferenciação social e nelas já existem em embrião as instituições de transmissão de saber que prefiguram o que viria a ser, na civilização, a escola.

É principalmente na escola que se realiza a socialização intelectual da criança. A começar por sua própria estrutura espacial, a sala de aula é um modelo que mostra à criança como é a sociedade em que ela vai crescer e passar a vida. O lugar da autoridade é ocupado pelo professor, encarregado de fazer cumprir certas regras. A igualdade de condições em que se encontram os alunos é quebrada pelo aparecimento de líderes e por certa hierarquia que se estabelece entre eles, decorrente de valores desejáveis ou indesejáveis que aos poucos se instalam entre eles. A retribuição do esforço, ou o castigo pela inatividade, se dá pela atribuição de notas. As felicitações ou reprimendas distribuídas pelo educador; o espírito de competitividade intelectual ou física, que surge e é estimulado nos estudos como na prática de esportes; os horários rígidos de trabalho e recreação; e outros elementos próprios da rotina escolar transmitem à criança os valores pelos quais se rege o mundo dos adultos. 



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